Ela não era, mas sentia-se muito feia, com o excesso de peso. E não
conseguia perdê-lo. Não tinha ânimo para dietas, caminhadas,
ginásticas, nada!
Então decidiu-se por uma lipo-(as)piração no abdômen e vizinhanças.
Tudo pronto, internou-se na clínica e lá se foi . . .
Acontece que o médico, querendo agradá-la, acabou por aspirar tanto
que aspirou-lhe até a alma, deixando-lhe esta leve, muito leve pois,
ficou vazia.
Restabelecida, sentindo-se bonita, quis cuidar-se mais e, já que a
alma estava tão leve, toda oca, resolveu lavá-la. E pegando a alma
lavada, pendurou-a ao sol, no varal. Por estar leve como uma pena, o
vento levou-a, alma penada, a correr o mundo.
E ela, bela e desalmada, vagueia por aí à sua procura. Antes que
alguém a pegue primeiro e queira vendê-la ao diabo por uns trinta
dinheiros. Ou até que de repente encontre também – e possa partilhar –
sua alma gêmea.

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