ÍNDIA É REVELADA EM NOVO LIVRO DE LUCAS VIRIATO DE MEDEIROS

Criador do jornal literário Plástico Bolha lança obra em Belo Horizonte

“Então, como é a Índia?” Esta pergunta, que a princípio parece ser de fácil resposta, passou a assombrar o autor Lucas Viriato de Medeiros, que esteve na Índia pela primeira vez em fevereiro de 2006. Esta primeira viagem gerou o livro Memórias Indianas lançado no final do ano passado. O resultado do processo de escrita o fez retornar para uma segunda experiência, desta vez pelo norte do país, o que resultou no novo livro Retorno ao Oriente, que será lançado em Belo Horizonte no próximo dia 23 de abril, na livraria Scriptum.

Retorno ao Orienteé uma descrição da Índia através de seu relato de viagem. Como um álbum de fotografias, o livro consiste numa seqüência de fragmentos discretos em que, entre um jogo de linguagem e passagens mais narrativas, o autor nos convida a conferir suas impressões, comparações e piadas sobre o país. A atenta descrição que Lucas faz sobre o país caiu nas mãos de Gloria Perez, que usou seus livros para a pesquisa da próxima novela das 20h, Caminho das Índias.

Lucas Viriato de Medeiros é também o criador do jornal literário Plástico Bolha, que em 3 anos lançou mais de 300 novos autores. Hoje, o periódico de distribuição gratuita tem tiragem de 13.000 exemplares e distribuição em 9 capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador e Porto Velho. Recentemente o site chegou à internet, no endereço www.jornalplasticobolha.com.br onde pode ser lido o conteúdo das 25 edições lançadas até hoje.

Serviço do lançamento:

“Retorno ao Oriente”, de Lucas Viriato de Medeiros
Noite de autógrafos na próxima quinta-feira, 23 de abril, às 19h30.
Livraria Scriptum (Fernandes Tourinho, 99 – Funcionários, Belo Horizonte). Tel: (31) 3223-1789

“Retorno ao Oriente”, por Lucas Viriato de Medeiros:

A tarefa era difícil: colocar a Índia no papel. Eu queria que o meu relato de viagem fosse, antes de mais nada, uma “viagem” de linguagem. Não pretendia dar conta do todo, nem esconder os artifícios da construção lingüística, mas fazer um livro que proporcionasse aos leitores um pouco das sensações que vivi durante a viagem, de um modo divertido, que prendesse o leitor. No início escrevi 30 fragmentos, que eram parte de um trabalho para a faculdade. Contudo, mesmo depois de entregar o trabalho, os fragmentos continuavam a surgir em minha cabeça. Cheguei aos 50, aos 70, aos 100. Onde parar? Ao refletir sobre a simbologia do número 108 para cultura oriental (108 são as namoradas transcendentais do deus Krishna, 108 são as contas do japa mala, espécie de terço usado pelos budistas e hinduísta), pensei: é isso! Decidi que aquilo era artesanato, eu estava fazendo um colar de contas, só que com palavras.

“Retorno ao Oriente”, por Isabel Diegues:

Em Retorno ao Oriente, o poeta Lucas Viriato de Medeiros faz de seu segundo livro sua volta à Índia. Dessa vez, a viagem é um pretexto para explorar não apenas um território e uma cultura, mas a escrita e a linguagem. O retorno é em busca da palavra, da métrica, do ritmo, de um estado de poesia. Foi o Yôga que o levou à Índia; a poesia o fez voltar. “De pé./ Tire um pé do chão./ Agora o outro.” Como nesse humorado exercício de “Yôga”, as narrativas de Lucas são, muitas vezes, instantâneos, flashes, como os roubados do livro de hóspedes da casa-barco, na madrugada da Caxemira. O mesmo humor revela a percepção de que muitos levam de casa, já pronta na mala, sua própria Índia, e voltam com tecidos, objetos, incensos, sem nunca
terem, de fato, estado lá. Procuram aquilo que imaginavam, e não o que se apresenta no percurso. Como quem espera que uma indiana de veste amarela, com uma criança no colo, melhore a foto – que traz imaginada – ao “colocar na cabeça um cesto” . Lucas não apenas descreve o que vê, como se deixa levar até onde a palavra escrita o aproxima da experiência, do caminho, por pura excitação literária. Relata sua jornada para torná-la real, para ter testemunhas e inventa-las, em fragmentos, poemas, que tratam de sua curiosidade pelo outro e do que observa no espaço e nas pessoas, no que converge e no que contrasta. E ele se diverte: “E eu, ali, tipo um gringo na Sapucaí” .

“Memórias Indianas”, por Paulo Henriques Britto:

“Memórias Indianas nem é um relato de viagem convencional nem o documento de uma jornada interior de autoconhecimento, tampouco contém qualquer vestígio de deslumbramento ocidental com a sapiência indiana. O autor evita os perigos simétricos do exotismo e da cegueira para a diferença; homem do seu tempo, tem consciência de que seria tão ilusório acreditar numa suposta alteridade essencial do Homo orientalis quanto seria reducionista relegar os contrastes entre as civilizações à esfera da mera aparência”.

Lucas Viriato de Medeiros carioca de 25 anos, é formado em Letras pela PUC-Rio, com
habilitação em produção textual. Desde 2006, edita com amigos o jornal literário Plástico Bolha, que já publicou centenas de autores, entre novos e consagrados. Em 2007, estreou com Memórias Indianas, livro sobre sua primeira viagem para a Índia. Retorno ao Oriente dá continuidade a este projeto poético sobre o leste do mundo.

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