A Saga ME – Mulheres Emergentes – Parte 5. 7
Ano 11 No. 40 Dez. Jan. Fev. 2000 Edição Especial Tiragem 1.000 exemplares
Quando abro a página de Tânia Diniz e leio sua “A
Saga Mulheres Emergentes”, tendo ela também nascido em Minas Gerais, me vem
imediatamente a imagem extraordinária da primeira poeta brasileira: Bárbara
Heliodora Guilhermina da Silveira, de São João Del Rei/MG, nascida em 1759.
Como Tânia, Guilhermina foi uma mulher revolucionária, autêntica,
quebrou inúmeras barreiras e se apaixonou por um poeta, aos 20 anos de idade.
instigando as mulheres (e homens) brasileiras a se aventurarem no caminho da
poesia.
Pois é! Mas 230 anos depois, também em Minas Gerais, nascia o
jornal Mulheres Emergentes, da também mineira de Dores do Indaiá /MG, Tânia
Diniz. Em seu blog, na internet, fica claro o objetivo desse maravilhoso
trabalho: “O Mulheres Emergentes é um mural poético que enfatiza o feminino nas
Artes. Surgiu em 1989 pelo desejo de sua idealizadora-fundadora Tânia Diniz,
por um espaço em que as mulheres pudessem mostrar sua arte. Não existia nada
até então, especialmente para as iniciantes”.
Espetacular ideia. Aliás, como editor da Revista Poética
Brasileira, pensava eu ser o primeiro a dar oportunidade pública a poetas
iniciantes, divulgando-os no Brasil e no Exterior. Enganei-me! Na verdade, Tânia Diniz foi pioneira nisso com seu Mural para poetas mulheres iniciantes.
E eu conheço bastante esse tipo de pioneirismo, pois já havia
lido sobre Guilhermina da Silveira e sobre a maranhense, negra e poeta, Maria
Firmina dos Reis, nascida em São Luís, no Maranhão, no dia 11 de outubro de
1825. E foi lá que, com muita coragem, conseguiu publicar seu romance (Úrsula),
“obra singular por ser composta por uma mulher de descendência africana na qual
evidencia a condição de desigualdade a que as mulheres, africanos e seus
descendentes estavam submetidos no Brasil oitocentista, em decorrência do
regime patriarcal”, diz o imortal Jomar Moraes, ex-presidente da Academia
Maranhense de Letras e descobridor dos originais dessa poeta.
Como se vê, Tânia Diniz também pode tranquilamente entrar para
essa galeria de pioneiras nas artes e literatura. Poesia é arte e ela, através
de “Mulheres Emergentes”, abre um leque incrível para quem tinha seus versos
guardados e por falta de oportunidade não conseguia publicá-los.
Na verdade, “Mulheres Emergentes” é um site. Um grande site.
Uma grande vitrine, uma excelente oportunidade – e muitas vezes única – de se
encontrar poetas maravilhosas com seus trabalhos dignos de academias regionais
ou da academia nacional.
Os Murais ME são elaborados com muita acuidade, traduzindo com
carinho a ansiedade do poeta novo, da poeta nova em vivenciar uma resposta tão
positiva à parte de si, publicada, e lida pelo público. Eu mesmo tive uma
sensação estupenda quando pela primeira vez, aos 14 anos, li um artigo meu
publicado no então “Jornal Pequeno”, um dos mais populares de minha cidade
natal, São Luís -MA.
Daqui – e junto – com nossa Revista Poética Brasileira, na
qual Tânia Diniz já foi destaque, só tenho a abraçar e gritar por continuidade
do Mural ME, mesmo que sem patrocínio ou sem apoio de quem quer que seja. O que
vale é o objetivo a ser alcançado. O que vale é a luta pelo direito de dar
oportunidade àqueles que precisam.
Por isso é bom lembrar que a poesia
e escreve-se. A relação entre as práticas de leitura e as práticas de escrita é
indivisível, dialética. Qualquer leitor de poesia reescreve mentalmente o poema
que lê ou que escuta e deseja quase sempre escrever, também ele, para si
próprio e para os outros”. (JEAN, Georges. Na Escola da Poesia. Instituto
Piaget, 1996)
Mhario Lincoln
BRASILEIRA
(www.revistapoeticabrasileira.com.br)
Editorial – Tânia Diniz – BH _ MG
Ilustração – foto de Ma. do Carmo Ferreira em marca d`água
Poemas de Ma. do Carmo Ferreira :
A Cananéia
Contatos
Díssoneto
As lesbianinhas
Auto-retrato
Assunção do poema
Ouro Preto hoje em dia…
Confidência
S.O.S.
Festina lento
Chupando manga
Um carma, um carme, um carmim
Editorial
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