A Saga ME  – Mulheres Emergentes  –    Parte 3.7


Ano 6     No. 23     Set.Out.Nov. 1995                 Tiragem: 1.000 exemplares

  A poesia tem cartaz: uma
emergência permanente
 

Uma vez conheci uma pessoa em estado especial de
encantamento com a poesia! Muitos anos atrás, conheci Tânia Diniz, que mostrou
a uma recém-chegada a Belo Horizonte, como era se envolver com a literatura com
paixão!

Conheci então essa poetisa, e seus versos
burilados entre os dons da delicadeza, a apurada orientação estética, e a
maestra habilidade em articular as palavras. Eu nunca tinha lido, até aquela
ocasião, nada como O mágico de nós! E cresceu ainda mais a admiração pela
autora, quando ela me apresentou a outro projeto literário seu, o jornal mural
Mulheres Emergentes.

Era – ou melhor, continua sendo, depois de quase
trinta anos! – um sonho em papel! Eu já tinha visto alguns jornais e revistas
literários, pequenos, de pouca tiragem, em geral meio sem graça visualmente, e
que vinham encartados nos jornais comuns. (Preciso informar aos jovens poetas
de hoje, que em 1989, reproduzir um poema em cópia xerográfica já era algo
muito gratificante para os autores “independentes”!)

Mulheres Emergentes: o sensual em cartaz, a cada
número vinha em cores diferentes, com desenhos instigantes, e tinha ilustrações
compostas por papeis transparentes, a meus olhos, todos especiais. Era um
deleite; um luxo visual, que formava par perfeito com os belos poemas ali
distribuídos.

E os poemas – ah, sim, outra surpresa muito
agradável para mim: os poemas não eram somente da autora do jornal mural. Ali
estava um trabalho feito para divulgar novos autores, para dar evidência às
vozes expressivas de muitos. A princípio, a mim parecia que era um estímulo à
manifestação literária feminina. As mulheres em geral precisavam de espaço para
veicular sua recente autonomia; tratar de suas dores, alegrias, perplexidades
segundo um ponto de vista estético. Mulheres Emergentes funcionou muito bem
para conferir às poetisas este lugar de falar.

Além disso, tratava-se de compartilhar
gratuitamente a poesia, nos murais diversos da cidade: nas instituições de ensino,
nos bares e restaurantes, nas bibliotecas, nos eventos sociais, entre os
curiosos, os estudiosos, os indiferentes, e, afinal, entre os amantes das artes
de todos os quilates! Ação de grande generosidade, pois os recursos materiais
para essa produção durante todos estes anos, parece-me que foram de obtenção
muito difícil.

Muitos números acompanhei, fui buscar para
dependurar em portas e janelas e paredes das escolas onde lecionava. Minha casa
já foi enfeitada por exemplares em tempo integral. Sei que muitos leitores
foram conquistados por todo o país e no exterior, muitas reflexões feitas com
os poemas, e muita beleza foi saboreada! Autoras como eu, ficamos felizes em
ter nossos trabalhos publicados ali.

Se podemos dizer que as mulheres emergiram no contexto
literário brasileiro, principalmente depois da disseminação da informatização e
da presença da internet; se podemos apontar que, atualmente, estão mais
aclaradas certas questões das minorias em geral, não somente feminina, podemos
afirmar, entretanto, que as demandas pelos direitos continuam. E o discurso da
poesia continua oferecendo o corpo da linguagem para quaisquer discussões.

Por isso, espaços de convergência literária, onde
diferentes vozes possam compartilhar suas singularidades, como é o jornal
empreendido por Tânia Diniz, continuam sendo muito necessários! Assim, longa
vida ao jornal Mulheres Emergentes! Parabéns, Tânia Diniz!

France Gripp   
 
 poeta, escritora, professora. universitária

Editorial – Tania Diniz –  BH – MG
 Ilustração – Isabela Prado – artista plástica –  BH- MG 



Amado meu que tanto ensinaste – Lya Luft –  Porto Alegre –  RS 

Meu corpo / em conserva… – Rita Santana – Ilhéus – BA

L`infernaccio furioso… – Anna Maria Farabbi – Perugia – Italia 

Halito – Lúcia Nobre – da Paraiba, mora no Rio de Janeiro – RJ

Now – Terêza Tenório – Olinda – PE 

Cerzir – Rita Cabral –  Cataguazes –  MG 

Poética – conto – Ma. Lúcia Simões – BH – MG
 
Preferência – Ioni Alves  de O. Souza  – BH – MG 

Meu corpo / faz a moda… – Tânia Diniz – BH- MG 

Nunca mais… -Suely de Freitas Ino – São Paulo – SP 

Jogada no sofá… – Laurene Veras –  RS 

Borboleta – Christina Rezende –  Rio de Janeiro – RJ 

Essa boca não cala… – Fernanda Frazão – Bento Gonçalves- RS  

O poema se cala… – Neide Arcanjo – RJ – RJ

No mármore de tua bunda – Carlos Drummond de Andrade ( 1902-1987) –  Itabira – MG 

Terço de contas – Kátia Bento – RS 

Fantasia – Telma de Jesus – BH – MG 

Dar – Ana Maria Bacca – Blumenau – SC 

O fato / do fado… – Jovino Machado – BH – MG 

Há muito/ que… – Ademir A. Bacca – Bento Gonçlves – RS 

Agudo e grave – Branca di Paula – BH – MG 

Vem comigo… – Ricardo Corona – Curitiba  PR 

Quantas intenções… – Zanoto – Varginha – MG 

Por um fio – Monica Banderas – RJ – RJ 

Editorial

” é na poesia
que o corpo fala de si mesmo e busca seu desejo.” victor hugo – SP-SP
e Mulheres Emergentes vem comprovar o poeta, mais uma vez.
                                                                                   a editora

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