passou o Carnaval e parece que a rotina está voltando…

Nos últimos tempos sofremos grandes perdas na senda das letras e, com muito pesar, deixo aqui minha homenagem ao amigo de sempre, que acabo de saber, faleceu no dia 21 de janeiro desse ano, 
o inesquecível jornalista de Varginha- MG, grande incentivador dos escritores, o dedicado ZANOTO.
REGISTRO TAMBÉM MINHA SOLIDARIEDADE AO POVO JAPONÊS, DESCENDENTES DE BASHÔ – O PAI DO HAICAI – PELA TERRÍVEL TRAGÉDIA NATURAL QUE ASSOLOU O PAÍS NO DIA DE ONTEM.
AGRADEÇO AOS INÚMEROS AMIGOS QUE ME ENVIARAM LINDAS MENSAGENS PELO
                                                  DIA 8 DE MARÇO, 
                                       O DIA INTERNACIONAL DA MULHER
E FAÇO TAMBÉM MEU LOUVOR ÀS AMIGAS COM O ÓTIMO TEXTO DA MARTHA MEDEIROS:
 
Eu não sirvo de exemplo para nada, 
mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. 
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. 
A
imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional,
mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha
grana, vou ao supermercado,  decido o cardápio das refeições, cuido dos
filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro
minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas,
respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia,
caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os
consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

      E, entre uma coisa e outra, leio livros.

      Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

      Por mais disciplinada e responsável que eu seja,
aprendi duas coisinhas que operam milagres.

      Primeiro: a dizer NÃO.

      Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

      Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

      Quando
você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe
apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo
para os outros.

      Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram
essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito
durante as madrugadas e mamasse direitinho.

      Você não é Nossa Senhora.

      Você é, humildemente, uma mulher.

      E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se
divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a
agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar
qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a
falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

      Tempo para fazer nada.

      Tempo para fazer tudo.

      Tempo para dançar sozinha na sala.

      Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

      Tempo para sumir dois dias com seu amor.

      Três dias.

      Cinco dias!

      Tempo para uma
massagem.

      Tempo para ver a novela.

      Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

      Tempo para fazer um trabalho voluntário.

      Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
      Tempo para conhecer outras pessoas.

      Voltar a estudar.

      Para engravidar.

      Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

      Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e
profissional sem deixar de existir.

      Porque nossa
existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela
quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

      Existir, a que será que se destina?

      Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

      A
mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se
não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. .       Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

      Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

      Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
      Mulher
que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir
essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha
trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

      Desacelerar
tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel
decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
      Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

      E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante’ (Texto na Revista do Jornal O Globo)
      Martha Medeiros – Jornalista e escritora 

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