POEMA ALADO

Para a paisagem suas nesgas e frestas o vento
empresta ao tempo seu sopro
convulso nas pradarias do espanto as levas são
de arremedo estiagem é mais
ao sul memória e adereços quantos anos eu tinha?
retomo a leitura do olhar
no hoje de tua boca e contorno o impalpável do beijo
com a ponta dos dedos.

Arrepio alamandas e musgos meus olhos salgam
esmeraldas arrulhos são lichias
ou jambos? pendentes de asas e bicos minhas mãos
se aveludam e se impregna
na língua saliva mesclada de furto degusto avencas
aspiro orquídeas respirar
é me fazer viva e eu viajo meu mar é doce provido
em leito de terra
vermelha.

Resvalo tua pele indumentária de seda e juventude
alcanço noites de febre e
acordo nudez de antúrios transporto à tona pulsações
de meu avesso as linhas
grafadas esboçam encontros e
contenda sinalizam velaturas de encanto e
amálgama.

Acordo tácito o sentimento preso à garganta torna-se
lasso liberta
embrenho-me no teu peito de homem teus braços
laços embalam o naufrágio de
nossa fome e eu me acomodo em concha no vão de
tuas coxas movimentam as
ondas seu ritmo desvelado de umidade e fôlego.

Ainda chamas por mim em sonhos apelo repetido
e rouco faço-me anjo? e a
imaterial substância de minha carne corrompe-se em
poema e os versos soltos
um a um inocentes voam.

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