CONFESSIONÁRIO

Perdoe-me por chegar assim
desajeitada
viajante cansada
de outro mundo
de outro tempo
de outra têmpera
Com meu estranho modo
de falar e de ser
sei que o assusto
Por tentar fazê-lo parte de mim
participante da minha dor
por buscar em você
com avidez
a vida, a voz, a vez,
a luz, o ar
por deixar fluir o grito
aflito
que do íntimo me aflora
em negra flor
carente de afago
de afeto e de amor
Perdoe-me
por chegar assim
por assustá-lo assim
por querê-lo assim
perdoe-me
por eu ser assim

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