“Deus, que se arrependeu de ter feito o homem nunca se arrependeu de ter feita a mulher”.
(Malherbe)
Dário Teixeira Cotrim
Para mim foi um momento único e, porque não dizer que foi um momento todo especial quando recebi em meu escritório a visita do simpático casal Sebastião Abiceu & Dóris Araújo, trazendo-me uma prometida encomenda da ilustre escritora dorense Tânia Diniz. Era um exemplar da Antologia ME-18. Depois de uma minuciosa leitura não tomei por norma os entrechos sobre as possíveis confissões intimas e nem sequer os conceitos intrínsecos sobre algum movimento feminista versificado. Limitei-me tão somente a apreciar a beleza dos versos apaixonados que colocam o amor-solidão em questão nivelada não apenas das autoras, mas do leitor com os seus conceitos e preconceitos. É que temos neste livro as maiores expressões de toda uma geração de poetas emergentes.
Uma ressalva é obrigatória nesta edição da Antologia ME-18: não é, todavia, a exclusividade da figura feminina que em nada disso tira o mérito da presente obra, muito pelo contrário, a valoriza com muito mais expressão. Entretanto, devo dizer sem nenhum constrangimento que houve um pequeno descuido na escolha da letra utilizada no itálico superior de suas páginas, onde nos mostra os nomes de suas autoras. Você há de convir comigo que essas letras deveriam ter tamanho maior para uma melhor visualização dos leitores mais idosos. Isso é apenas um detalhe, sem muita importância, mas que deve ser registrado.
Por outro lado, quem lê e conhece as autoras desta obra, vê diante de si uma literatura madura e recheada de belíssimas construções literárias. É verdade comprovada que a sensibilidade feminina torna-se um fator importante para renovar e/ou modificar a beleza dos versos. É através de uma mistura de imaginação e realidade que as mulheres conseguem imprimir nos seus sonhos poéticos o desejo da plena felicidade do eu. Entretanto, para os homens, é preciso que prestem um pouco mais de atenção ao inútil, à fantasia individual e a força arrebatadora dos preconceitos machistas ainda existentes na nossa sociedade. Na poesia feminina as palavras pulsam com intensa vitalidade como que tocadas por uma força incomum das almas. As suas poesias assumem ares de delicada fascinação numa forma mágica que brota do sutil toque da imaginação.
Não é por acaso que a poesia feminina é livre e é bela e, acima de tudo, é direcionada para aqueles que se amam com a arte da sensualidade, dentro e fora, da ambiência amorosa. Também não é por acaso que a poesia – em todos os sentidos – está intimamente ligada ao amor e, por sua vez, à beleza física e espiritual da mulher, esta divina criatura inspiradora de tantos livros poéticos existentes pelo mundo afora e indeléveis nos corações e nas mentes de todos nós. Porque, “em Mulheres Emergentes era muito mais que apenas um mural de poesia. Era, na verdade, um projeto de vida de sua idealizadora – Tânia Diniz – a mineira de Dores do Indaiá, que desde então tem o seu nome inscrito em nossos corações e em nossa historia cultural“. (Constância Lima Duarte).
A violência contra a mulher, como se sabe, hoje ela está em todas as formas de expressões literárias e em todas as estruturas do pensamento poético. Assim, para escapar à realidade brutal dessa existência, acende nesta Antologia ME-18 uma espécie de poesia-realidade, soltando do alto das letras o seu pocema esperançoso. Agora são dezoito anos de lutas onde a esperança tem um braço no céu e outro aqui na terra. Ainda assim, disse-nos a ilustre escritora Raquel Naveira: “mudei minha rota: agora sou gaivota sobrevoando o mar”. Parabéns, Mulheres Emergentes!
Dário Teixeira CotrimInstituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Academia Montesclarense de Letras
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