Ele gostava de deixar entre as páginas de seus livros e cadernos pequenas flores, folhas diferentes e até insetos que, desidratados pelo tempo, tornavam-se exóticas lembranças coloridas.
Atormentado pela saudade do amor desfeito, pegou a imagem dela em seu coração e colocou-a entre as folhas de seu missal poético.
Tempos mais tarde, ao reler seu poema predileto, virou a página e descobriu-a. Uma imagem sulcada por finas rugas, amarelada na poeira do tempo e que, apenas, exalou um perfume sutil como um suspiro de anjo. Era uma lembrança desidratada pela dor de se sobreviver à ela.

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